Ney Matogrosso detona situação do Brasil em programa da TV portuguesa

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Animada controvérsia em torno de uma entrevista para uma emissora portuguesa na qual Ney Matogrosso faz um retrato desalentador do Brasil.

Me pedem que analise a entrevista, e aqui vou eu.

Primeiro, é necessário entender Ney Matogrosso. É um homem sensível, de consciência social, a quem a desigualdade claramente incomoda.

Ele não é, portanto, um fanfarrão como Lobão ou Roger do Ultraje, para ficar no universo dos cantores.

Ney Matogrosso diz, a certa altura, que gostaria de poder traçar um quadro mais alegre do Brasil, e deve-se acreditar nisso.

Ele fala sentido de Amarildo e dos desvalidos brasileiros removidos de suas casas humildes por conta de obras da Copa.

Como discordar aí?

O custo social da Copa, expresso nos removidos e nos operários mortos nas obras em razão de condições precárias de trabalho ou excesso de pressa por causa do mau planejamento, bem, este custo haverá de nos assombrar por muito tempo.

Quando algumas pessoas afirmam que a hora de protestar contra a Copa era quando ela foi anunciada, ignoram que ninguém sabia, então, da dimensão do custo social.

Onde começam os problemas do desabafo de Ney?

Quando ele envereda pelo campo da corrupção. Vê-se, aí, que ele sofreu e sofre uma brutal lavagem cerebral da mídia. Ele, essencialmente, reproduz colunistas e editorialistas do Globo, da Folha e do Estadão. Provavelmente seja vítima, também, do veneno da Globonews.

Ao longo da história, a mídia – que sempre representou os privilégios – invariavelmente recorreu à corrupção, não raro inventada, para sabotar administrações populares.

Foi assim com Getúlio e seu mar de lama. Foi assim com Jango, objeto de copiosas acusações de corrupção. E tem sido assim com Lula e Dilma.

A classe média, historicamente, se comove quando o assunto é corrupção. É relativamente fácil manipulá-la dizendo que você vai acabar com a corrupção.

O PT só não foi derrubado – pelas urnas – em 2006, com o uso calculado da corrupção para minar Lula, porque brasileiros simples entenderam, do seu jeito, que os moralistas estavam tentando bater sua carteira. Se dependesse da classe média, Lula não teria sido reeleito.

Ney Matogrosso é um dos brasileiros massacrados pela mídia. Isto ficou claro.

Um fator que agrava o quadro é a idade de Ney Matogrosso. Ele não é um homem da era da internet. A mídia digital é um formidável contraponto ao jornalismo das grandes empresas jornalísticas.

A geração de Ney Matogrosso é a geração do papel – jornais e revistas – e da televisão.

Para conhecer o outro lado das coisas, Ney Matogrosso tem apenas um caminho: a internet.

Fora disso, ele vai continuar a repetir as coisas que a mídia tradicional impinge a tantos brasileiros. E se autocondenará a agir como um clássico “analfabeto político”.

Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.


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